BRASIL – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas indiretas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante evento em Betim, Minas Gerais, nesta terça-feira (11). Em discurso sobre a economia brasileira, Lula afirmou que “não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia”. O presidente também pediu respeito nas relações internacionais, dizendo: “Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”.
As declarações de Lula ocorrem em meio a tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após Trump anunciar tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, que afetam diretamente produtos brasileiros. As novas taxas entram em vigor nesta quarta-feira (12). O governo brasileiro negocia com os EUA para amenizar os impactos, mas, segundo interlocutores do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a resposta americana é aguardada com “cautela e sem muito otimismo”.
Contexto das tensões comerciais
Lula tem criticado publicamente as medidas protecionistas de Trump, afirmando que o ex-presidente americano “não é o xerife do mundo”. Em fevereiro, o presidente brasileiro já havia alertado que o Brasil poderia retaliar caso as tarifas fossem mantidas. “Se taxar o aço brasileiro, vamos agir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização [Mundial] do Comércio, ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse Lula em entrevista a uma rádio paraense.
O presidente destacou que a relação comercial entre os dois países é equilibrada, com os EUA importando cerca de US$ 40 bilhões em produtos brasileiros, enquanto o Brasil compra US$ 45 bilhões em mercadorias americanas. “É o único país do mundo que tem superávit em relação ao Brasil. Queremos paz. Não queremos guerra”, afirmou.
Perspectivas econômicas
Durante o evento em Minas Gerais, Lula também falou sobre as perspectivas da economia brasileira, destacando a geração de empregos e o controle da inflação. “Podem ter certeza, a economia brasileira vai continuar crescendo, a gente vai continuar gerando emprego, a inflação vai baixar”, disse. O presidente citou ainda a reforma tributária como uma das maiores políticas já implementadas no país, com o objetivo de beneficiar toda a população.
Trocas de farpas com Zema
O evento em Betim também foi marcado por trocas de indiretas entre Lula e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que apoiou Jair Bolsonaro (PL) na última eleição presidencial. Zema criticou as gestões petistas e os vetos de Lula ao programa de renegociação de dívidas dos estados com a União. Em resposta, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu o governo federal e atacou a gestão de Zema.
Lula, por sua vez, elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacando seus acertos na economia. “Meu caro Fernando Haddad, ministro da Fazenda, responsável pelos acertos das coisas que estão acontecendo de forma benéfica na economia brasileira”, afirmou.
Relação com Trump
Lula e Trump ainda não conversaram desde que o americano retornou à Casa Branca. Na eleição do ano passado, o presidente brasileiro apoiou Kamala Harris, derrotada por Trump, cuja orientação política é seguida no Brasil pelo grupo de Jair Bolsonaro.