BRASIL – O Supremo Tribunal Federal (STF) realizará o julgamento virtual da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por porte ilegal de arma na semana de 21 a 28 de março. O caso foi liberado para análise pelo ministro Gilmar Mendes, relator do processo, nesta terça-feira (11). Zambelli é acusada de perseguir um apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com uma arma em punho, em outubro de 2022, durante a campanha do segundo turno das eleições presidenciais.
O episódio ocorreu em um bairro nobre de São Paulo, quando a deputada, após uma discussão, sacou uma arma e perseguiu o homem, que foi encurralado em uma lanchonete. As imagens do caso viralizaram nas redes sociais e geraram ampla repercussão. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Zambelli por porte ilegal de arma, argumentando que ela não tinha autorização para usar a arma de forma ostensiva em público.
Em nota, a assessoria da deputada afirmou que ela está ciente do julgamento e reiterou sua confiança no Poder Judiciário. “A deputada reitera sua confiança no Poder Judiciário e na condução imparcial do processo. Confio plenamente na Justiça e acredito que, ao serem esclarecidos todos os fatos — especialmente a ocorrência de um disparo anterior ao momento em que fiz uso de minha arma, devidamente autorizada por porte federal —, ficará evidente minha inocência”, disse Zambelli.
Votação anterior no STF
Em agosto de 2023, o STF já havia decidido, por maioria, receber a denúncia contra Zambelli. Dos onze ministros, nove votaram a favor de seguir com o processo. O ministro Nunes Marques foi o único a votar pela rejeição da denúncia, enquanto André Mendonça entendeu que o caso não deveria ser analisado pelo STF.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, responsável pela denúncia, destacou que a autorização de porte de arma concedida à deputada era exclusivamente para defesa pessoal e não para uso em situações de confronto público. “A permissão do porte de arma de fogo conferida à denunciada se destina única e exclusivamente à sua defesa pessoal; jamais para constranger a liberdade de interlocutor e a fazer com ele se desculpe dos seus posicionamentos políticos, preferências eleitorais e supostos atos injuriosos manifestados, ainda que a pretexto de resguardar, em tese, sua honra maculada”, afirmou Araújo.
Próximos passos
O julgamento virtual ocorrerá na semana de 21 a 28 de março, e os ministros do STF terão a oportunidade de analisar os argumentos apresentados pela defesa e pela acusação. Caso condenada, Zambelli poderá enfrentar sanções penais, incluindo a perda de direitos políticos, dependendo da gravidade da decisão.
O caso de Carla Zambelli é mais um capítulo de uma série de investigações e processos envolvendo políticos ligados ao bolsonarismo. O desfecho do julgamento pode ter impactos significativos no cenário político, especialmente em um momento de polarização e preparação para as eleições de 2026.